O Regime Militar brasileiro, implantado por um golpe de Estado em 1964, durou vinte e um anos e mudou a face do país. Contudo, até hoje suas múltiplas dimensões foram pouco analisadas de forma globalmente articulada e emocionalmente isenta.
A ênfase, como se percebe nos diversos seminários, é somente no aspecto político. Tratou-se, sem dúvida, de um regime autoritário, repressivo e socialmente hierárquico. Derrubando e substituindo o populismo, que se encontrava radicalizado e em crise no início dos anos 1960. Sobre a bandeira do anticomunismo, as forças armadas, como “salvaguardas da nação ameaçada” tomam a frente do processo que culminou no golpe de 1º de abril de 1964.
O dia 1º de Abril é um dia de reflexão e de lembrar dos que já estão quase esquecidos pela sociedade. Há exatos 47 anos o Brasil sofrera com um duro Golpe que abalou as estruturas democráticas nacionais. O país estava entrando no seu período mais “obscuro”, sombrio, da História. A imprensa não era livre, não se podia discutir política abertamente, o pais vivia sobre Censura, teve o Congresso fechado, quem era contra o regime, era considerado subversivo, ou seja, inimigo do nação.
Hoje lembramos os “Anos de Chumbo” e não podemos nos esquecer de quem sofreu na pele as torturas nos porões do DOI CODI, não podemos nos esquecer dos catarinenses que lutaram contra o Regime Militar e foram vitimas da repressão, Rui Pfutzenreuter, Arno Preis, João Batista Pereda e Paulo Stuart Wright, além dos que atualmente podem nos contar o que sofreram na pele com a repressão militar, entre eles destaco os que conheço, Dr. Marlene Soccas, a Professora Derlei De Lucca, e o Sr. Amadeu Luz.
Sem dúvida todos merecem reconhecimento e respeito, pois mesmo com toda a repressão, prisões arbitrarias, assassinatos, torturas, estes e outros catarinenses enfrentaram de peito aberto o Regime, porém sofreram conseqüências drásticas. Hoje são heróis, mas heróis desconhecidos que lutam pelo reconhecimento dos que sofreram com a Ditadura Militar.
Neste dia, devemos lembrar de todos os Brasileiros que de uma forma ou de outra lutaram contra a repressão, todos os brasileiros que perderam sua vida, lembrar dos que ainda lutam pelas indenizações e pelo reconhecimento, vamos lembrar também do ex-deputado Carlos Marighella, do capitão Carlos Lamarca, mortos pelo regime, dos intelectuais, artistas e políticos que foram exilados, enfim de todos que resistiram a Ditadura.
E devemos lembrar ainda dos militares, policiais, agentes, que torturaram, mataram, perseguiram e nunca foram julgados pelos crimes cometidos.